É verdade que as técnicas de reprodução assistida podem aumentar as chances de ter gestações múltiplas? Vamos falar justamente sobre esse assunto. Só para você ter uma ideia, nos últimos 20 anos, o número de gêmeos dobrou e o de trigêmeos aumentou em seis vezes nos Estados Unidos.
Em média, o número de gêmeos nascidos em procedimentos de fertilização in vitro é de 22%, podendo ser maior ou menor, dependendo da quantidade de embriões que será transferida por ciclo. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina recomenda que sejam transferidos até, no máximo, quatro embriões de cada vez. A tendência, no entanto, é a de transferir menos embriões do que isso, a fim de reduzir as taxas gestacionais gemelares.
Aí é que surge a polêmica: qual o sentido de diminuir o número de gestações múltiplas em um casal que já apresenta dificuldade para engravidar? Não seria mais lógico deixar vir dois ou três bebês, assim o casal não precisa realizar mais o tratamento? Dizer sim pode ser tentador, mas quando olhamos as estatísticas, o melhor é ter um bebê de cada vez.
Isso porque as gestações múltiplas aumentam os riscos de trabalho de parto prematuro, diabetes e hipertensão na gestação, podendo causar atraso no crescimento intrauterino e baixo peso no nascimento. Além disso, o custo econômico acarretado é bem maior, com risco de gerar excesso de fadiga física e desgastes emocionais. A necessidade de cuidados intensivos pode ser um grande problema à família durante e após a gestação.
Embora muitos casais realizem métodos de reprodução assistida e não se importem com os riscos de gestação múltiplas, é importante entender que a gemelaridade pode ter riscos e não é o objetivo principal do tratamento. Na medida do possível, deve ser evitada, com o objetivo de diminuir os impactos na saúde materno-fetal e na realidade socioeconômica e psicológica da família.